Um dos temas mais controversos e discutidos nos últimos anos, sem dúvida, foi a suposta “ideologia de gênero” e as tentativas frequentes de várias frentes políticas de censurar debates no ambiente escolar. O próprio presidente Jair Bolsonaro sempre defendeu a ideia.
Projetos como o Escola Sem Partido, por exemplo, alegavam que crianças e adolescentes vinham sendo submetidos a sexualização precoce. O projeto foi condenado e duramente criticado pelas principais instituições de ensino do país.
Diversos especialistas em educação discutiram, ao longo desses anos, sobre a origem dessa visão e como ela era ou não próxima da realidade. Para o Supremo Tribunal Federal, a censura é inconstitucional e não pode ser imposta.
O maior problema, de acordo com diversos especialistas, é que a ideologia de gênero representa também uma posição política. Um dos principais argumentos, por exemplo, de quem se posiciona contra a “ideologia de gênero” é que a agenda atende uma “doutrinação de esquerda”.
Esse tipo de briga política não se aproxima da realidade de crianças e adolescentes e, consequentemente, não atende diretamente quais são suas verdadeiras necessidades. O próprio termo “ideologia de gênero” não existe entre estudiosos sobre sexualidade e educação.
O termo, na verdade, é popular entre frentes políticas conservadores e lideranças religiosas, que acreditam que crianças e adolescentes são algo de um plano de desmoralização e incentivo a relações íntimas. A pauta ganha força associada a críticas a homossexualidade principalmente.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro nomeou Milton Ribeiro para o cargo de ministro da Educação. Doutor em educação, Ribeiro também é pastor em uma igreja presbiteriana. O novo ministro já foi envolvido em polêmicas.
Vídeos antigos de declarações polêmicas do novo ministro, acusado de defender castigos físicos contra crianças, geraram uma onda de críticas, e levou Milton Ribeiro a excluir as publicações. Os vídeos foram filmados durante um culto ministrado pelo pastor, que é teólogo e advogado.