O Ministério Público de Santa Catarina investiga, há anos, um agente prisional suspeito de transformar um ex-detento em “escravo” particular. O crime teria acontecido na cidade de Itajaí, por anos.
Em 2006, Antônio Arnaldo dos Santos foi preso por homicídio. Ele havia confessado o homicídio de um homem, durante briga de bar. “Tonho”, como era conhecido, já havia trabalhado para o então agente prisional.
Em 2008, Antônio recebeu benefício de prisão domiciliar por problemas de saúde. Ele deveria cumprir a detenção na casa da irmã e uma série de obrigações, para que o benefício não fosse revogado. Pouco tempo depois, Galeno de Castro apareceu no local e afirmou que “Tonho”, daquele momento em diante, seria “preso dele”.
Tonho, que era analfabeto, foi então levado para a casa de Galeno onde passou a desempenhar papel de funcionário doméstico, cumprindo tarefas, prestando serviços e atuando como caseiro. Preso na casa do agente prisional, deixou de cumprir as ordens da Justiça e, em 2017, foi preso novamente.
Na delegacia, revelou as condições em que vinha vivendo e relatou não ganhar nenhuma compensação financeira pelos serviços prestados. Tonho morreu cerca de quatro meses depois de voltar a ser preso, o que deu início a investigação.
Ainda na delegacia, homem afirmou que acreditava ainda estar cumprindo pena, na casa do agente prisional. Antonio contou que, dentre os trabalhos domésticos, era responsável por cuidar de 17 cachorros e três gatos, para quem cozinhava. Para comer, tinha a disposição apenas o que sobrava dos animais.
“Era sempre primeiro os cachorros“, relatou. O homem também contou que era proibido de sair de casa, visitar a família (o que aconteceu raras vezes e sob supervisão de Galeno) e até frequentar uma igreja.
O caso é tão chocante que surpreendeu até mesmo o procurador do Ministério Público, Diogo Ringenberg.