A pandemia da covid-19 tem sido um desafio para todos os brasileiros, mas é fato que o problema pesa mais sobre famílias vulneráveis. Há alguns dias atrás, médicos já haviam chamado a atenção sobre a “legião” de bebês prematuros.
Agora, um outro problema chama a atenção. Bebês nascidos na pandemia enfrentam dificuldades para se desenvolver em famílias vulneráveis e, em partes, o problema é uma falta de assistência do governo à essas famílias.
Com a pandemia, os números sobre as famílias mais pobres revelaram uma crise dentro da crise. Com a alta no desemprego, a falta de políticas públicas e os decretos de distanciamento para conter a covid, a maior parte dessas famílias vive com a insegurança alimentar.
Para driblar a fome, muitos pais recorrem ao uso de leite, engrossadores (como farinha láctea, de arroz ou milho) e acabam deixando de oferecer alimentos “in natura”, muitas vezes considerados caros demais. O resultado é uma geração de crianças aparentemente saudáveis, mas com problemas de anemia e desnutrição.
As crianças, apesar de parecerem estar com o peso adequado, na verdade estão com o organismo em deficiência de vitaminas e nutrientes. O problema, no entanto, pode demorar a ser percebido.
“Ele pode sofrer de atrasos no desenvolvimento por causa da anemia e está mais exposto a infecções. Também está tendo seu corpo programado para ter diabetes, pressão alta e obesidade na vida adulta. É um exemplo clássico da dupla carga da má nutrição“, alerta a pediatra Maria Paula de Albuquerque.