A equipe do Hospital Municipal de Bela Vista de Goiás passou por momentos de tensão e muito medo no último dia 15. Durante as checagens de rotina, os administradores perceberam que o oxigênio da unidade estava para acabar.
O novo carregamento já estava encomendado, mas chegaria apenas por volta das 10 horas do dia seguinte. A diretora da unidade, Deusmaria Aparecida Batista, conta sobre os momentos de tensão vividos pela unidade.
“O que tínhamos só era suficiente para uma hora”, conta. Deusmaria explica ainda que o consumo de oxigênio no hospital aumentou em números assustadores. A unidade gastava, em média, 12 cilindros por semana e, com o pico da pandemia, o número chega a 12 por dia!
Para não perder pacientes enquanto aguardava a chegada do oxigênio, os funcionários precisaram se mobilizar. “Deusinha”, como é conhecida, pediu oxigênio emprestado ao São Miguel do Passa Quatro (a 59km de Bela Vista) e até a Samu.
Ali veio outra notícia desalentadora, o motorista que transportava o oxigênio havia ficado preso em meio a uma manifestação. A manifestação, por sua vez, de uma forma tragicamente irônica, era contra o fechamento do comércio, medida tomada em função do aumento de número de casos e mortes por covid.
“Aqui, nos restava a fé de acreditar na força divina que tudo daria certo”, resume Deusmaria. A unidade estava apegada a fé para acreditar que conseguiria sair daquela situação.
Hugo Eduardo Pereira, o motorista, conta que ainda precisou convencer manifestantes a abrirem um pouco de espaço. Ainda assim, ele percebeu que não conseguiria chegar no hospital se continuasse na estrada, porque nem todos cooperavam, e tomou uma decisão drástica.
Alguns falaram que não me deixariam passar, que estavam reivindicando o direito deles, até que convenci, e abriram um espaço mínimo, mas foi o suficiente. Passei por cima da ilha, entrei na contramão e consegui sair de lá.
Hugo seguiu na contramão, a 180km/h e conseguiu chegar no hospital antes que tragédias acontecessem. Sua chegada foi comemorada com aplausos e muita oração.
Os funcionários estavam assustados e apreensivos, eu também estava. O hospital inteiro estava lá, batendo palmas. Eu me arrepiei todo, aquilo para mim foi gratificante, emocionante, de verdade. Foi lindo.
Assista ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=zeS_7asK4UY&ab_channel=TonyCinegrafista