Direito garantido por lei, mulheres relatam dificuldade em realizar procedimento de laqueadura por resistência médica

A legislação brasileira garante a mulheres acima de 25 anos ou que já tenham tido dois filhos, o direito de realizar o procedimento de laqueadura, mas isso não se reflete nos consultórios médicos em muitos casos, como denunciam várias mulheres que já passaram pela experiência.

A opção pela laqueadura é um recurso eficiente para mulheres que não querem mais engravidar, ou que não desejam ter filhos. É um procedimento moderadamente invasivo e que não costuma oferecer efeitos colaterais graves, sendo uma opção segura em grande parte dos casos.

O problema é que é um assunto que esbarra em muita resistência por parte de médicos em todas as regiões do Brasil. Em boa parte, o desconhecimento da legislação é uma grande causa dessa resistência.

No entanto, uma outra barreira é muitas vezes a religião e o machismo. A jovem estudante Antonia, de 25 anos, foi ouvida pelo Uol e contou sua experiência. Ela narra que praticamente criou a irmã, 14 anos mais nova, e por isso decidiu que não queria ter filhos.

Antonia conta que estava com tudo pronto para realizar a cirurgia mas, no último minuto, o médico desistiu e alegou ter tido um “sinal de Deus” para que não realizasse a cirurgia.

Tassiane, 29 anos, também estudante universitária, contou sua história. Aos 29 anos, tentou realizar a cirurgia e também teve o procedimento cancelado em cima da hora.

Ela conta que passou por vários constrangimentos e processos desnecessários, como avaliações invasivas de assistentes sociais, e no último instante não conseguiu realizar a cirurgia. No caso dela, o profissional se negou a explicar o motivo.

Maria Flávia, que é agente comunitária de saúde, tem 27 anos e conta que há três anos vem tentando realizar a cirurgia e sempre ouvindo não. Ela conta que sempre escuta que vai se arrepender, mas que está certa sobre sua decisão.