Há quase um ano atrás, o país se chocou com a notícia da morte do menino Miguel. A criança, de apenas 5 anos, caiu do prédio onde estava sob cuidados da patroa da mãe, que era empregada doméstica e havia saído para passear com os cães da família.
Miguel tinha ficado no apartamento com a ex-patroa da mãe, Sarí Corte Real, que permitiu que o menino saísse e vagasse pelo prédio. Ao que tudo indica, Miguel ficou assustado e procurava pela mãe, mas entrou em uma área restrita e caiu.
Mirtes, mãe do menino Miguel, quebrou o silêncio e concordou em falar com equipes de reportagem sobre o caso. Muito abalada, ela revelou que mantém a casa intacta e que não desmontou ainda o quarto do menino. “Queria que isso fosse um pesadelo e que eu acordasse e visse o meu filho junto comigo”, se emociona.
Apesar disso, Mirtes tenta seguir a vida e afirma que o único desfecho que acredita ser possível para o caso é a condenação de Sarí, que foi indiciada por abandono de incapaz que resultou em morte.
Para tentar retomar a vida, Mirtes usa do trauma como combustível de uma missão que ela aceitou. Em fevereiro deste ano, Mirtes começou o curso de Direito e espera poder ajudar outras mulheres em situação semelhante a dela: totalmente desamparadas.
“Foi uma missão que o meu filho me deu. E escolhi para entender melhor o processo do meu filho. E lá na frente poder ajudar, como estão me ajudando agora. Principalmente outras mães negras, periféricas, que não têm condições de pagar advogados“, afirma.