No sábado, 12 de agosto, a comunidade da Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro, viveu momentos de horror após a morte de duas jovens vítimas: uma criança de apenas 5 anos, Eloá Passos, e Wendel Eduardo, um adolescente de 17 anos. Ambas as mortes ocorreram em circunstâncias distintas, mas com relatos convergentes de envolvimento policial.
O início do confronto ocorreu após um baile funk no Morro do Dendê, quando a Polícia Militar tentou abordar dois indivíduos em uma motocicleta. Segundo declarações da PM, o jovem na garupa, armado com uma pistola, disparou contra a equipe policial, o que culminou em um revide por parte dos agentes. Wendel, que estava nesta moto, foi atingido por volta das 7h30 na Avenida Paranapuã e levado ao Hospital Municipal Evandro Freire, mas não resistiu aos ferimentos. O outro homem foi encaminhado para a 37ª DP para prestar depoimento.
A situação se complica ainda mais com a morte da pequena Eloá, que aconteceu cerca de uma hora depois do incidente com Wendel. A menina foi tragicamente atingida por uma bala perdida dentro de sua própria casa no Morro do Dendê. Em nota, a Polícia Militar afirmou não ter conhecimento de como a garota foi baleada e reiterou que não havia operações policiais em andamento na comunidade naquele momento.
Porém, os relatos dos moradores e familiares contrastam com a versão policial. O tio de Wendel, por exemplo, revelou que testemunhas o informaram que o adolescente havia se rendido, levantando os braços em sinal de pacificação, antes de ser brutalmente baleado. A integridade do jovem foi defendida pelo tio, que desmentiu quaisquer vínculos de Wendel com atividades criminosas.
Após a morte de Wendel, os moradores iniciaram um protesto na região da Cova da Onça. Esse movimento pacífico, de acordo com testemunhas locais, foi abruptamente interrompido por disparos, um dos quais teria ceifado a vida da jovem Eloá.
As divergências nas narrativas alimentam o clima de tensão e desconfiança na comunidade. Enquanto a família de Eloá e Wendel busca justiça e respostas, as investigações sobre os fatos continuam, com a esperança de esclarecer os trágicos eventos desse dia sombrio na Ilha do Governador.